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Mostrando postagens de 2017

Medo da morte

Ando pensando na morte. A única certeza. E, paradoxalmente, a maior incerteza. O que é? Para onde? Quando? Como? Difícil responder. Se penso muito, fico triste. Angústia toma conta, coração acelera, desespero sobe à garganta. Difícil de respirar. Dor ao sentir a dor que ainda não chegou. Chegou pela primeira vez, de maneira forte, em 2012. Difícil. Lembro-me que mais ou menos uma semana antes da partida dela, eu rezei para Deus me dar forças. Para saber como agir. Para não desmoronar. Deu certo. No dia do tchau, eu estava lá, segurando sua mão e entendendo. Não somos apenas um corpo. Temos uma alma. O corpo? Um pedaço de carne, alguns quilos de carne de segunda. Já a alma é uma borboleta. Azul, no caso dela. Mas, penso na morte da minha mãe. O medo toma conta. Penso na morte dele. O medo toma conta. Como viver depois dessas perdas? Claro, posso partir antes. Egoísmo meu pensar apenas na minha dor, eu sei. Mas como recuperar um coração dilacerado? Ainda mais o meu, tão frágil,...

A morte do amor

O amor morre quando a gente esquece de amar o outro. De dar bom dia, boa noite e avisar o que almoçou. Quando começa-se a competir em vez de compartilhar. Quando ter razão é mais importante do que ser feliz e fazer as pazes para continuar olhando na mesma direção. O amor morre quando percebe-se que talvez as direções nunca fossem as mesmas. Quando perde-se o cuidado, o abraço e a palavra de carinho. Quando você se sente só e sabe que não adianta chamar, o outro não vai saber o que fazer. O amor acaba quando a gente se deixa vencer e esquece que amar é todo dia, é conquista e que há momentos que se está por cima e há momentos que se está por baixo. Amar é ser e ele acaba quando a gente esquece de quem é e quando o outro não faz nada para tentar nos ajudar a encontrar aquele quase nada que restou da gente. O amor morre devagar, num "de repente" de Vinicius de Moraes que a gente não entende direito. O amor morre. E a pergunta que faço é: dá para salvá-lo?

Coloquei 30 anos numa mala e fui

   Em 2015, eu viraria uma mulher balzaquiana. Apesar de nunca ter lido a obra de Balzac, a vida me informava o que isso significava. Não só a vida, as tias e as pessoas menos contemporâneas também: "então, tu vais casar?", "Tu vais ter filhos?", "Tu já estás com apartamento comprado?".    A minha resposta para essas perguntas e muitas outras era sempre “não”. Geralmente, acompanhado de irritação por tentar me desvencilhar dos olhares julgadores ou apenas bisbilhoteiros e não conseguir.    Acontece que passar para os 30 anos sem nada muito concreto causa uma crise, realmente. As revistas, as listas, as pessoas estão cheias de palavras sobre “o que fazer antes dos 30 anos”, “lugares para conhecer antes dos 30 anos” e blá, blá, blá.    Parecia que se tu não estivesses com "tudo pronto" até os 30 anos, tu não conseguirias mais ter tempo para realizar sonhos, ir atrás de objetivos e ser uma pessoa feliz. Pelo menos nos moldes do que é considerado...
Como não se perder da criança que um dia se foi? Pergunta interessante. Como fazer, no mundo feroz que vivemos, não perder a graça, a esperança, a espera? Como respirar? Como manter a calma e não se decepcionar? Nem digo com os outros, com nós mesmos, mesmo? A cada dia uma oportunidade, uma chance ou uma parada, e como saber se estamos tomando as decisões certas? Por que é tão difícil? Por que as coisas não dão certo de uma maneira simples para pessoas do bem? Como ter aquela pureza dos 5, dos 10 anos? Como não deixar isso se perder na gente e em quem a gente ama?

"Morando em Londres", parte I

Independentemente se você vai passar férias, um tempo ou morar, ou sei lá fazer o quê, você deve ter um planejamento. Bem, este planejamento inclui principalmente carregadores de celular móveis. Principalmente. Em 2015, eu não sabia disso. E foi por este "pequeno" problema, em ficar sem GPS, que fiquei mais ou menos de 2 a 3 horas, andando morro acima, morro abaixo, com uma mala enorme, até encontrar o flat que eu tinha alugado. As pessoas não sabiam dar informações e só não me desesperei porque eu lembrava do conselho da minha mãe: não te apavora, respira, fica calma, que tudo vai dar certo. Resultado disso foi ter um calo na mão esquerda (por conta da mala) e saber que baterias terminam muito rápido.

a palavra brota e provoca um encontro de almas.

Escrever não é difícil. Mas também não é fácil. Há anos venho trabalhando com o ensino da escrita, tanto técnica quanto criativa, e vejo o quão fácil e o quão difícil esta atividade é. Escrever é paradoxo. É dar-se, é mostrar-se, é esconder-se. Por meio da palavra, conquistamos, destruímos, começamos. Por meio da palavra, fingimos. Quem é verdadeiro com seu texto, mostra-se. E ficar nu é muito difícil. Escrever é aceitar ficar nu, em pleno inverno. É congelar-se. É ter medo, mas mesmo assim mostrar-se. É esperar que alguém leia o seu texto e reconheça-se e entenda. Talvez, nem entenda. Mas, respeite. Aceite. Pense. Transforme-se. Escrever é estar na vitrine, esperar que o outro, ao mesmo tempo que olhe, mire-se naquele vidro, que não é espelho. E algo ali aconteça. Inesperado para uma das partes, mas o clímax para o outro, que espera, nu.
Fico pensando em oportunidades. Essas que aparecem meio camufladas. Será que realmente são oportunidades ou apenas falamos que é uma oportunidade por ser uma maneira de suportar as mudanças que a suposta oportunidade trará? Não sei. Acho que prefiro ser do grupo que acredita na mudança positiva. No passo a mais. No mundo que se abre a cada dia à espera das nossas ações para transformamos as coisas da melhor maneira possível. Acho que é bom sair do lugar, trocar a acomodação pela movimentação... Isso nos coloca para pensar, criar, ser diferente.