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A carta que eu não vou enviar

Hoje à tarde, uns 40 minutos antes de te encontrar, tocou Lay Lady Lay. A versão do Bob Dylan. Foi a música que tocou quando fui te encontrar pela primeira vez, lá em 2018. Era um domingo de tarde. Toda vez que toca essa música, meu coração dá pequenos pulos. Na verdade, não sei se ele pula ou se ele para. Acontece que dessa vez, essa música foi meio que uma previsão. Minutos depois, a poucos quilômetros dali, eu te veria. Por alguns segundos, o coração parou. Ou será que pulou? Não sei, perdi os sentidos. Caminhei em falso por alguns metros, tremi, tive dor de estômago, vontade de chorar, te odiei, te amei. Meu Deus, como você está lindo. Teu sorriso continua estonteante, teu olho estava azul. Sabe o que isso significa? Que tu estavas feliz. Vi que alguém estava contigo na Vespa. Pensei por meio segundo que poderia ser a S. Mas era tua irmã. S. era a pessoa que vocês estavam conversando. Um papo bom, espontâneo! Ela estava falando sobre algo que tinha te dito na última seman
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Braços abertos para te receber ou te deixar partir

Eu te amei desde o primeiro dia. E eu senti algo diferente entre a gente. Algo foi diferente e tu sabes disso. Eu passei um ano te esperando e quando você foi embora, eu só agradeci. Doeu, mas não doeu, entende? Não doeu porque foi bonito e eu jamais teria coragem de pedir algo que você não pudesse me dar. Ou seja, jamais pediria para você ficar. Jamais faria isso. Eu te amei em cada segundo. Senti raiva também. Senti raiva quando você foi indiferente. Eu te amei quando descobri que tu também gostava de The National e quando percebi que teu jeito combinava com o meu. Eu amei teu cheiro, teu jeito e teu mau-humor. Eu amei tudo. E foram dias lindos. Eu amei sonhar. E acreditar que poderia dar certo. Eu amei cada palavra que tu me disse, cada resposta. Cada surpresa. Eu te amei. Apenas com o que era necessário: o amor. Não pensei no depois, nem em nada. Eu te amei. Com a única beleza que existe no momento presente. Senti cada segundo. Te olhei tudo que podia. Eu

Desabafo

Trabalho com jovens. Pelo menos na maior parte do tempo. Pequenos humanos com grandes sonhos dentro de um coração ainda puro. Muitos gostam de mim. Veem algo que eu não sei se é real. Será que é? Acreditam que eu seja diferente e acham que eu seria alguém a ser seguido, alguém que inspira. Sinto-me uma farsa. Se passo esta impressão, devo estar mentindo. Eu gostaria de ser assim... Com essa vontade toda de viver, de ser, de ter a vida que eles acreditam ser especial. O que há de especial? Guardo no meu coração memórias tristes, sonhos abandonados, amores esquecidos. Sou alguém num domingo de noite em casa, chorando enquanto escrevo, esperando uma mensagem. Já dizia Caio: que os telefones toquem. Ando perdida, não sei quem sou, para onde vou, o que o futuro me reserva. Tenho medo e preciso perdê-lo. Tenho medo do dia. E existe ele. Que nem sei se existe, mesmo.

precisava deste resto de solidão para aprender sobre este resto de companhia (VHM)

ele chegou de surpresa. arrebatador. sem pedir licença, apresentou-me o amor. conversas fluidas, avisos de chegada, em casa, no trabalho, no cinema, no jantar. dois dias e eu já estava apaixonada, o medo, impaciente, presente, assombrava. fiquei em dúvida, um coração machucado, se quebrado de novo daria muito azar. uma semana e eu o conhecia há milênios, seria ele? foi em janeiro de 2016

Dia dos Pais

É o primeiro Dia dos Pais depois de toda confusão e, por uma obviedade, eu não estou com ele. Se eu pudesse dizer algo, eu diria que ele é o pai que eu gostaria de ter tido. Não que eu não tenha tido pai. Eu tive. Mas, é diferente. Eu queria dizer que é o máximo quando ele coloca ela pra dormir e como é lindo o abraço deles na cama quando acordam. Eu queria dizer pra ele lavar o cabelo dela porque ela vai crescer rápido e ele vai sentir falta. Ele conta histórias pra ela e sente orgulho. E faz comida. E churrasco (meu pai nunca soube fazer). Queria dizer para ele nunca esquecer que ela é a melhor parte dele e para que nunca deixe ninguém atrapalhar isso, que as escolhas dele não deixem afetar no pai maravilhoso que ele é. Eu queria estar junto para ver, para observar, para imaginar que minha vida poderia estar ali também. Era a minha família. No último ano, eu e ela demos quadrinhos para parede, com nossas fotos. A minha já não está mais lá. Foi a primeira coisa a ser retirada.

27 de agosto

No dia 27 de agosto de 2015, postei uma foto no meu Instagram. Esta foto era de Londres, se não me engano a última noite que passei lá. Foi um dia extremamente emotivo, por razões óbvias. Bem, a legenda da foto dizia: Meu coração está em outro lugar. Isso foi em 2015. 27 de agosto é uma data significativa pra mim, ficaria sabendo em 2016. Meu coração está em outro lugar. Mal sabia eu que essa legenda seria ambígua e que o universo continua enviando sinais. Em 2015, eu sentia saudades de Londres (como sinto frequentemente), em 2016, meu coração já estava em outro lugar, um pouco mais perto, muitos quilômetros a menos, para ser específica, 97. Em 2017, meu coração também estava onde queria estar. Três dias 27 de agosto e todos eles especiais e repletos de saudades. Sinais leves, por vezes irreconhecíveis... Temos que estar muito atentos para percebê-los. Temos que estar escutando, vendo, sentindo. Mas, não se preocupando em encontrá-los. Se estamos prontos, eles aparecem.Se for para

Medo da morte

Ando pensando na morte. A única certeza. E, paradoxalmente, a maior incerteza. O que é? Para onde? Quando? Como? Difícil responder. Se penso muito, fico triste. Angústia toma conta, coração acelera, desespero sobe à garganta. Difícil de respirar. Dor ao sentir a dor que ainda não chegou. Chegou pela primeira vez, de maneira forte, em 2012. Difícil. Lembro-me que mais ou menos uma semana antes da partida dela, eu rezei para Deus me dar forças. Para saber como agir. Para não desmoronar. Deu certo. No dia do tchau, eu estava lá, segurando sua mão e entendendo. Não somos apenas um corpo. Temos uma alma. O corpo? Um pedaço de carne, alguns quilos de carne de segunda. Já a alma é uma borboleta. Azul, no caso dela. Mas, penso na morte da minha mãe. O medo toma conta. Penso na morte dele. O medo toma conta. Como viver depois dessas perdas? Claro, posso partir antes. Egoísmo meu pensar apenas na minha dor, eu sei. Mas como recuperar um coração dilacerado? Ainda mais o meu, tão frágil,